quarta-feira, 21 de março de 2012

Ao que muito é dado

Meus pais biológicos morrem cedo principalmente por causa da doença do vicio da bebida, mas também basicamente por falta de melhores oportunidades em suas vidas. Minha mãe até onde sei era filha única, imagino quão difícil foi para ela sair de Alagoas para vir morar aqui no Rio. Somente essa transição, travessia e adaptação inicial já deve ter sido grandemente conturbada para ela. O que faltou em oportunidade para meus pais, felizmente sobrou para mim ou não tão felizmente assim. Eu tive sim muitas oportunidades, algumas incríveis mas as melhores oportunidades me vieram em momentos que eu ainda não estava preparado e por isso mesmo não tive sabedoria para aproveitar tais oportunidades, mas além do despreparo e/ou da falta de sabedoria para aproveitar as oportunidades, o que de mais importante me faltou, não foi o que me faltou e sim o que me sobrepujou, aquilo que me foi excedente. Para ser mais especifico e exato o que de mais importante implicou no meu maior fracasso foi a cobrança, essa consequente das muitas oportunidades.
Assim como dito em Lucas 12:48 “A qualquer que muito for dado, muito lhe será cobrado”. O ponto chave ou especifico é a cobrança, uma vez que não me dou e jamais me dei bem com cobrança. E por que? Eu acredito que muitas pessoas tem relação digamos que bem adequada a cobrança de uma forma geral. Quanto a mim, sou totalmente contra a todos ou pelo menos contra a grande maioria dos tipos de cobranças. Aliás realmente a única forma de cobrança que considero ser positiva ou boa é aquela que você ajuda alguém a lembrar de algo que esse alguém precisa fazer e que será para o próprio beneficio dela exclusivamente. Esse tipo de cobrança é mais conhecido como incentivo, estimulo ou motivação.
Eu já ouvi muito quando criança e adolescente, outras crianças e adolescentes responderem aos seus pais ou responsáveis a seguinte frase: “Eu não pedi pra nascer..." Essa frase, eu não pedi para nascer ou eu não pedi para vir ao mundo, parece soar sempre num tom amargo, rancoroso e agressivo mas tem três significados: 1) Quer dizer que não tem culpa ou não merece ser culpado de nada ou por nada 2) Todos tem o solene dever de aceitar respeitosamente os meus erros e 3) Todos devem respeitar ao máximo o meu direito indelével de fazer o que eu bem quiser, na hora que eu bem quiser fazer.
O próprio Deus no seu infinito poder e soberania criou o ser humano e deu-lhe o livre arbítrio. Então quem é o ser humano para retirar de outro ser humano essa liberdade? Isso é apenas o começo, já começa por ai o problema da cobrança.
Uma pessoa que empresta, normalmente está segura de que pode emprestar em contrapartida a pessoa que pega emprestado quase sempre não está segura que poderá devolver o que pegou. Se um credor precisa com urgência ser ressarcido ou restituído mas não tiver muita sabedoria e paciência para cobrar, ele se torna facilmente um grande carrasco, tirano e opressor dos eu devedor.
Relembrando a frase "eu não pedi pra nascer" o brasileiro por exemplo, já nasce endividado e isso graças a nossa acostumada divida externa da nossa nação. Uma divida que parece coexistir com os brasileiros há 500 anos. Se uma pessoa nasce em um pais endividado e que não consegue pagar essa divida nunca, dai pra essa pessoa crescer e ser um caloteiro é um pulo.
Parece lógico e óbvio que se agente nasce em um mundo que há 2 mil anos não resolveu os problemas da fome, desigualdade, miséria e tantos outros crimes e se você nasce neste mesmo mundo em que se evoluiu em diversos aspectos, a sociedade se globalizou mas continua hipócrita, preconceituosa e injusta, como ser o único santo e perfeito no meio de tudo isso ?

































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