terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ausencia de morte

Somos seres mortais, fadados a morrer brevemente logo após o passar de um curto espaço de tempo, em média 60 a 70 anos no máximo. Quando alguém vive muito chega aos seus 120 anos. Mas o que são 120 anos diante de toda uma eternidade ou da idéia conceitual sobre uma vida infinita depois da morte? Além disso ter vivido muito tempo não significa ter vivido muito bem. Só que agora não quero falar de velhice. Quero é tratar de ausência e de morte. Porém não qualquer ausência e nem qualquer morte. Antes devo me referir a pior das ausências e a pior morte de todas.

É possível e é terrível simplesmente de imaginar uma ausência ou morte tão poderosa e forte. Por causa do amor incondicional das pessoas que mais amamos e que nos amam é que uma menor ausência que seja se torna a mais cruel e devastadora. A morte mesmo que por grande tortura, se ferisse gravemente a pele, a carne, os ossos, os músculos do corpo, não causaria tanta dor e sofrimento quanto a dor e o sofrer deixados pela ausência ou pela morte de alguém amado.

Penso agora que então o melhor ou o ideal a fazer seria realmente desaparecer ou dá um jeito de sumir. Pelo menos assim restaria a certeza aos meus amados que eu ainda poderia estar vivo e não apenas vivo mas também feliz. Lógico que não feliz por estar longe e por não ter nenhum contato com eles e provavelmente nem tão feliz quanto estaria se estivesse junto deles, (como na realidade ainda estou, sou feliz, agradecido e considero ter muita sorte por amar e ser amado assim por essas pessoas que me amam verdadeiramente. Entre os quais se destacam meu filho, meus imrãos e meus pais). Onde quero chegar basicamente é que entre a certeza da ausência e a duvida ou a certeza da morte é muito menos pior a certeza da ausência. E sei que eu não agüentaria perder mais um ente querido. Porque já perdia minha mãe biológica aos 14 anos, perdi minha mulher e filho aos 25 anos, perdi meu pai biológico aos 28 anos e ainda ter de suportar mais uma perda de uma dessas pessoas acima citadas. Se eu já não consegui suportar as perdas que já tive e é por isso que estou doente em depressão. A tristeza, a solidão me afligem dia e noite, noite e dia quase que incessantemente. E ainda a pior hipótese é pensar como deve ser agora e como seria para o meu irmão Marcelo que este principalmente também é outro, é um que devo sofrer talvez até mais do que eu, ele se faz tanto de forte, aparenta tanta firmeza mas é bem frágil pelo que sei.

Me ausentar sumindo, desaparecendo implicaria em me acovardar, em fugir com medo de enfretar diretamente essas situações contrárias. E a exemplo de meus pais que cometeram grave erro ao "abandonar" a mim e meus irmãos, mas eles foram corajosos e morreram perto de nós. Até o fim eles continuaram proximos de mim apesar do triste final que tiveram. Eles não fugiram ou simplesmente se esconderam da realidade. Ao meu ver eles tiveram atitude de honra e assumiram uma posição digna e de certa forma de acordo com o que haviam de assumir.






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