terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma dúvida pertinente

Pela primeira vez ouvi alguém me dizer uma grande verdade que eu vinha ignorando há muito tempo, a pessoa disse: “as vezes as pessoas que te decepcionaram já estão até mortas” e de fato não é nada fácil admitir que seu pai e sua mãe te abandonaram e rejeitaram por fraqueza e por serem maus. A bebida pode até ser viciante e como todo vicio sempre se torna uma doença mas antes de se tornar uma doença o vicio é uma falha de caráter. Afinal chamamos o vicio de doença para encobrir uma falha de caráter, porque não temos coragem de dizer que a doença no fundo é um forte traço da personalidade de alguém com mal caráter ou porque temos pena de ver a pessoa já doente, vencida pelo vicio e só queremos dizer o que ela quer ouvir ou o que irá lhe agradar.
O caso é que eu me enganei a mim mesmo de propósito por todo esse tempo e meio que inconscientemente repito os meus erros de meus pais. Toda a frustração que recebi de meus pais a rejeição do abandono eu venho passando adiante de modo que tudo que é bom pra mim ou que me faz bem ou que é bom e faz bem aos que gostam de verdade de mim eu abandono, é uma pratica muito instintiva e quase instantânea: fugir, dormir e me isolar, mantendo relações profundas, intimas e curtas com mulheres desconhecidas.
Meus pais foram os mais maravilhosos que puderam ser por 11 anos enquanto sóbrios. Eles certamente não foram pais perfeitos, cometeram muitos erros em relação a mim e meu irmão, porém deram suas vidas, se sacrificaram por amor a nós para que tivéssemos a chance de uma vida razoavelmente boa.
Se comparasse as preocupações que meus pais adotivos tem com meu filho Pedro com as preocupações que meus pais biológicos tinham comigo, as preocupações de meus pais comigo não seriam suficientes.
O caso é que meus pais adotivos são superprotetores e tão rigorosos que quase são radicalmente severos.
Sei que eles me tratam com tanto rigor porque foi o modo como eles foram criados ou educados e eles sabem que foi isso que faltou na minha criação ou educação familiar, então é natural que eles tentem a qualquer custo ou ao custo do rigor máximo me ajudar, afinal todo esse rigor deles é para o meu próprio bem.
Só há apenas um único problema em tudo isso, em todo esse rigor e proteção, é a enorme dúvida que constantemente me sobrevém a respeito desse rigor deles que é: será que eles seriam assim exatamente assim tão rigorosos se eu fosse filho legitimo de sangue deles?
Não quer dizer que eu duvide do amor deles por mim ou que eles queiram o meu bem. Mas é que eu simplesmente tento trata-los como trataria meus pais biológicos e também esperaria que eles me tratassem como meus pais biológicos me tratariam.
Se eles tivessem um filho legitimo de sangue deles daria para comparar e diferenciar os tratamentos, mas como eles não tem filhos legítimos nenhum, só resta a dúvida. Porém apesar da duvida ainda acredito que o mais provável é que se eles tivessem filhos legítimos seriam bem mais amorosos e bem menos rigorosos com esses. E essa probabilidade mais a duvida é que me entristece muito.
Afinal não posso culpa-los de não serem meus pais legítimos mas devo me condenar por não ser seu filho legitimo.
Amizades interesseiras são várias. Pessoas subornáveis, pessoas que se vendem a qualquer preço. É possível comprar segurança, proteção particular e até a confiança de certas pessoas é possível comprar com dinheiro. Mas meus pais biológicos não tinham dinheiro para isso e sempre foram de família pequena. Meu pai só tinha parentes no Ceará e minha mãe era filha única. Éramos só nós 4 por nós mesmo e Deus.

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